sexta-feira, 1 de abril de 2011

Reforma da Reforma: Uma história de Engenharia Civil

Ao ouvir o termo "Reforma da Reforma" me vem a mente a seguinte imagem:

          Havia uma Casa grande, antiga, firme, bem construída e resistente, que alguns de seus moradores e engenheiros quiseram torná-la "aggiornata", modernizada, atualizada. E fizeram a "reforma", ou como chamaram, o "aggiornamento". Muitos bons pedreiros e construtores participaram deste "aggiornamento" acreditando que isso melhoraria a Casa, até com possibilidades de aumentar o número de moradores.... O Mestre de Obras disse: "Vamos abrir as portas, para que a Casa tenha mais acessibilidade para mais moradores".
          Entretanto, dentre os construtores, haviam pessoas que não queriam mais aquela Casa. Achavam que ela era um símbolo do passado, algo superado. Também haviam construtores, a mando de "especuladores do mercado imobiliário" que também não queriam mais essa Casa. Os "especuladores" viam que aquele terreno era muito valorizado. Precisavam derrubar aquela Casa para ocupar aquele espaço com seus empreendimentos lucrativos. Os "especuladores" conseguiram influenciar na reforma. Conseguiram até influenciar nos cursos para novos construtores, com suas ideias. Mas eles eram muito inteligentes. Sabiam que não poderiam ser claros em seus objetivos. Trabalhavam na surdina, na "calada da noite" e faziam, principalmente os novos construtores, acreditarem que a reforma era justa e necessária.
          Um engenheiro, de confiança do então Mestre de Obras, conseguiu um modo que aceleraria o processo de destruição: Mexeu nas instalações elétricas e na fonte de energia. Mas precisou trabalhar muito, para que sua mudança fosse considerada um avanço. Justificou tudo com as normas da reforma. Deixou a Nova Fonte muito parecida com a antiga e convenceu a grande maioria que isso era bom.
          Outros engenheiros trouxeram de outras obras algumas ferramentas que, segundo eles, atenderiam ao desejo do Mestre de Obras em aumentar a acessibilidade. Uma delas era a Ferramenta Libertadora. Essa ferramenta buscava quebrar algumas amarras e sustentações da Casa, afirmando que estas divergiam da vontade do construtor. Outra ferramenta, que era mais um projeto completo do que uma simples ferramenta, veio emprestada de alguns que já tinham tentado estragar a Casa: Era a "Reconstrução dos Princípios e Alicerces da Casa - RPAC" que dizia buscar nos anseios do construtor e dos primeiros moradores, as fontes para reconstruir os alicerces, que consideravam defasados. O pessoal da RPAC sempre afirmou que falava diretamente com o Dono da Casa. Todos estes engenheiros se fortaleciam com a Nova Fonte de energia, e a usavam muito.
          Alguns engenheiros com muita experiência, perceberam que a reforma estava comprometendo a segurança da Casa. Tinha gente querendo atacar o que garantia a segurança. Principalmente estes engenheiros perceberam que a Nova Fonte de energia não estava suprindo as necessidades como a Antiga Fonte. Começaram a pedir para o Mestre de Obras para que se parasse com a Reforma. Ela estava ficando perigosa para a Casa. Enviaram inúmeros relatórios ao Mestre de Obras comprovando que haviam problemas, mas o Mestre estava comprometido com a Reforma: Era algo que ele queria muito. Ele, na época, não admitiria que sua reforma fosse ruim. E, persuadidos por ele, e por novos Mestres de Obras, sucessores deste e formados por ele, a grande maioria dos construtores e engenheiros passou a criticar o grupo dos contrários à Reforma, dizendo que eles não obedeciam o Mestre, estavam contra a Casa por estarem contra a Reforma.

          Um belo dia, cansados de Relatórios que não produziam efeitos, alguns engenheiros e construtores disseram: "Guardemos um cômodo para nós. Não vamos permitir que a Nova Fonte de Energia entre neste cômodo. Vamos continuar usando a Fonte que sempre nos supriu e que não apresenta defeitos. Vamos formar novos construtores aqui dentro e, pelo exemplo, vamos mostrar ao Mestre que a Reforma compromete a Casa toda. Esse cômodo será, no futuro, um auxílio para que, quando parem com a reforma, possamos mostrar que a Casa firme, resistente e bem construída pelo seu dono não precisava de mudanças. Prestaremos contas de tudo o que fizemos, principalmente quando o Dono da Casa voltar" E assim surgiu o "Cômodo dos Construtores Ilustre Mestre José M. Sartorelli". O Mestre José M. Sartorelli tinha, na sua época, enfrentado várias tentativas de derrubar a Casa e lutou bravamente contra maus construtores e maus engenheiros. Vários moradores pediram e foram recebidos neste cômodo.
          Na época inicial, o Mestre de Obras não deu muita bola para isso e outro Engenheiro autorizou que aquele cômodo funcionasse na Casa, usando a Antiga Fonte de energia . Mas, pouco tempo passou, e os responsáveis pela Nova Fonte de energia, sabendo que o uso da Antiga Fonte desqualificaria totalmente o trabalho deles, começaram a gritar: "Eles não usam a Nova Fonte!!! Eles são contra a Reforma!!! Eles são 'Grandes Inimigos' da Casa!!! Esse cômodo deve ser expulso da Casa!!!". Declaravam que o Cômodo estava irregular na Casa. Com isso, foi criando-se uma tensão entre os construtores do cômodo e os do restante da Casa. Como o restante da Casa era maioria, até para que não fossem todos embora da Casa, o Mestre de Obras da época, um dos sucessores do iniciador da Reforma, designou um grupo de Engenheiros para acompanhar o caso e convencer, moradores, construtores e engenheiros do cômodo, a saírem do cômodo e ficar na Casa. Vários acreditaram. Iam com a promessa que usariam a Fonte Antiga de Energia mas, em pouco tempo, já estavam usando a Nova Fonte e tornavam-se cada vez mais enfraquecidos.

          O principal Iniciador do Cômodo, engenheiro de grande experiência e amigo de ilustres antigos Mestres de Obras, mantinha contato com o então Mestre, alertando-o de vários problemas. Só que o Mestre começou a sair com gente de fora da Casa. O Dono da Casa sempre alertou que haviam muitos perigos fora da Casa. Muitos Mestres, durante muito tempo, afirmavam que "Fora da Casa não há segurança". Mas o então Mestre começou a ouvir e conversar com o povo de fora da Casa, muitos destes inimigos e invejosos da grandiosidade e resistência desta. Até que o Mestre chamou Falsos Engenheiros de fora da Casa para que, dentro da Casa, conversassem sobre "boa convivência entre os moradores da Casa e os de fora da Casa", pois diziam que todos tinham sua origem no Pai do dono da Casa e todos deveriam considerar "dentro da Casa" como "fora da Casa" com suas coisas boas e suas coisas ruins.
          Isso foi a "gota d'água".  O Iniciador do Cômodo, vendo que não poderia continuar tocando o cômodo sozinho, iniciou a "Operação de Salvação da Casa". Precisava promover construtores a engenheiros. Mas isso era prerrogativa do Mestre de Obras, que não autorizou. O Iniciador insistiu "Vou promovê-los. É necessário pelo bem dos moradores do cômodo". O Mestre não disse nada. O Iniciador chamou quatro bons construtores, passou-lhes toda a formação necessária para a Engenharia. Outro engenheiro, amigo do Iniciador, conhecido pela sua clareza de ideias e que tinha transformado seu espaço em um Cômodo semelhante chamado de "União dos Construtores Ilustre Construtor João Maria", confirmou presença e marcaram a Solenidade de Formatura: A outorga do Grau de Engenheiro. Um dia após a formatura, em uma velocidade nunca antes vista, o Mestre de Obras declarou que o Cômodo e os novos Engenheiros não faziam mais parte da casa. Mas o Cômodo continuava lá. Sobrevivendo com a Antiga Fonte de Energia. Defendendo-a de ataques. Defendendo a Casa enquanto os demais moradores de fora do cômodo continuavam a sua "reforma".
          O Iniciador do Cômodo foi embora. O Engenheiro da União dos Construtores se foi pouco depois. Os 4 Engenheiros formaram e outorgaram a Engenharia para um dos membros da União dos Construtores. Haviam dois grandes grupos alimentados pela Fonte Antiga: o Cômodo e a União. Quando o novo Engenheiro da União já não podia mais continuar a frente dos trabalhos, alguns construtores, contrariando os pedidos dos Engenheiros do cômodo, procuraram Engenheiros da Casa, amigos do Mestre de Obras e da Reforma, a fim de formarem um novo Engenheiro para a União. Surgiu o "Acordo do Mestre de Obras com a União", onde foi formado um novo Engenheiro, que ganhou status de Gerente da União e a própria União mudou de nome para "Gerência Ilustre João Maria". Criaram-se várias acusações do Cômodo contra a Gerência e vice-versa. Passaram a grandes discordâncias, principalmente quando o Gerente, outrora grande defensor da Fonte Antiga, passou a usar a Fonte Nova de energia, assim como alguns membros da Gerência.
          Surgiu um novo Mestre de Obras, que era um excelente construtor na época do início da Reforma. Era do grupo dos especialistas na Reforma. Foi promovido a Engenheiro, Auxiliar de Mestre e foi escolhido como Novo Mestre de Obras. Este novo Mestre mantém uma ligação muito forte com seu antecessor. Tanto que esforçou-se o que pode para declarar seu antecessor como "Memorável" para que, um dia, ele possa ser declarado "Ilustre". 
Mas este novo Mestre conheceu pessoalmente a situação dos moradores do Cômodo. Ele trabalhou pessoalmente para que o Cômodo voltasse a Unidade da Casa. Sempre considerou abusos no uso da Nova Fonte de energia, considerava muitas vezes usar a Antiga Fonte quando não era Mestre de Obras e agora, como Mestre, se vê na difícil situação entre defender a Reforma, da qual ele era especialista, e condenar os erros da Reforma, que ele vê o quanto comprometem a Casa. Num ato de Justiça, por tudo o que aconteceu entre o Antigo Mestre, os Engenheiros da Reforma e os Engenheiros do Cômodo, o Novo Mestre tornou sem efeito a decisão do Antigo Mestre de que o Cômodo e os novos Engenheiros não faziam mais parte da Casa. Antes disso, vários engenheiros próximos do Antigo e do Novo Mestre já defendiam que eles permaneciam na Casa, que não havia nada de errado em usar a Antiga Fonte, e que a Antiga Fonte nunca fora banida, até porque havia uma ordem de um Mestre muito anterior, que dizia que não se podiam fazer mudanças substanciais na Fonte de Energia. Que aquele que ousasse alterar gravemente a Fonte estaria expulso da Casa, a mercê dos perigos que rondam fora dela.
          Hoje vemos o novo Mestre chamando os Engenheiros para a "Reforma da Reforma". Infelizmente a Nova Fonte de Energia, as ideias da Reforma e as ferramentas inseridas com a reforma tornaram muitos engenheiros rebeldes contra o Mestre. Diziam que ele era "apenas mais um engenheiro". Engenheiros uniam-se para tomar decisões contrárias ao Mestre, sendo que, na frente dele tudo eram flores. Quando o Mestre estava longe, tudo contrariando o Mestre. Houve uma revolta de Engenheiros quando o Mestre liberou que qualquer construtor poderia usar da Fonte Antiga. Os Engenheiros começaram a pedir "Curso de Especialização na Fonte Antiga" para liberar seu uso, coisa que eles deveriam oferecer por serem Engenheiros, mas não oferecem. Os Engenheiros do Cômodo continuam a receber construtores de moradores descontentes com os Engenheiros da Casa. O Líder dos Engenheiros do Cômodo continua a conversar com o Mestre de Obras. Conversa esta começada com o Iniciador do Cômodo. O Cômodo continua seu caminho, tentando mostrar a todos os moradores da Casa os erros da reforma.

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          Analisando a imagem friamente, a única visão que tenho é: Desfaçam a Reforma. Vocês estão demolindo a Casa. Vocês estão acabando com o patrimônio do Dono da Casa e dispersando moradores para fora dela. Parem com a Nova Fonte de energia, que não supre as necessidades dos moradores, construtores e engenheiros como a Antiga Fonte. Tem veneno nessa fonte. Não adiantam campanhas do tipo "Salvem a Fonte de Energia, em suas modalidades Antiga e Nova". Até outras fontes, diferentes mas tão eficazes quanto a Antiga, usadas por outros grupos, foram quase que suprimidas por causa da Nova Fonte. Por mais boa vontade que o Mestre tenha para com a reforma, ela é intrinsecamente má. O mal está na raiz de tudo. Reformar a Reforma será, em outras palavras, remendar um remendo mal feito. Nisto lembramos o que disse o Dono da Casa: "Ninguém prega retalho de pano novo em roupa velha; do contrário, o remendo arranca novo pedaço da veste usada e torna-se pior o rasgão." A esperança também está nas palavras do Dono da Casa: "Ide, pois, e ensinai a todas as nações; batizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ensinai-as a observar tudo o que vos prescrevi. Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo." E ainda, em outras palavras, "as portas do mal jamais prevalecerão contra a minha Casa"


Deus nos guarde.
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Carlos Galvão

2 comentários:

  1. Magnífico!!!! Aplausos!!!!!!!

    Que bela crônica!!!

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    Salvem a Fonte de Energia, em suas modalidades Antiga e Nova".

    Quase me matou de tanto rir!! kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

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  2. É como defender que a Fonte de Energia, quando corretamente usada, trará benefícios. Esquece-se que a Nova Fonte de Energia vem de um "gato de luz", como mostra a foto no texto.

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